História foi retratada no Jornal Hoje, da Rede Globo, e mostra como o envolvimento com a comunidade local mudou a vida de uma família potiguar
A tabeliã e registradora Lyvia de Freitas Suassuna assumiu o Cartório Único de Frutuoso Gomes, no Rio Grande do Note em 1999. Dez anos depois, assumiu também a vaga de professora de história na escola estadual do município e, desde então, como titular de cartório e professora, acredita que tem uma missão a cumprir e um propósito dentro da sociedade.
A mais recente missão de Lyvia foi ser a peça-chave em um reencontro entre pai e filho que não se viam há 24 anos. Uma reportagem veiculada nesta segunda-feira (27.11) no Jornal Hoje, da Rede Globo, mostrou como a ação da tabeliã e registradora e de seu cartório cooperou para que a família encontrasse um ente desaparecido. Clique aqui e assista a matéria.
O senhor Braz Neto Cavalcante, que havia se mudado para Ribeirão Pires, no interior de São Paulo, há mais de duas décadas, perdeu o contato com a família e, na condição de autônomo e em vulnerabilidade social, recebeu a ajuda de uma agente de saúde local. Ao levá-lo para tomar a vacina de Covid-19, decidiu renovar seus documentos para inseri-lo em programas sociais. Foi então que precisou entrar em contato com o Cartório de Frutuoso Gomes, no Rio Grande do Norte, município de quatro mil habitantes, parte da Comarca de Almino Afonso.
Antes de chegar em Lyvia, que é associada à Associação dos Notários e Registradores do Rio Grande do Norte (Anoreg/RN), a agente havia buscado o registro de Cavalcante na cidade de Martins, uma confusão possível de acontecer, uma vez que Frutuoso Gomes teve sua emancipação política em 1967 e Braz Neto foi registrado em 1959.
A agente não desistiu, encontrou o cartório de Lyvia e, ao confirmar o registro, solicitou uma segunda da certidão de nascimento. Após receber o requerimento da gratuidade, a tabeliã providenciou o documento, possibilitado em razão do fundo de custeio que ressarce até 80% dos atos gratuitos no Rio Grande Norte. A mão de obra de Lyvia, que trabalha apenas com uma estagiária, não entrou na conta e ainda foi mais além.
“Existe função social da atividade notarial e registral”, disse a titular ao contar que, em meados de novembro, logo que recebeu o vídeo de agradecimento do cidadão e soube da história que ele estava perdido da família, levou o caso para a escola em que trabalha. “Uma das professoras achava, inclusive, que ele era conhecido do diretor”, lembra Lyvia. E era.
O diretor da escola contou que a família chegou a pensar que Braz Neto havia falecido e citou os nomes da irmã e do filho dele. Logo, todo o contato foi realizado por vídeo chamada e a família se reencontrou no que Lyvia celebra como um final feliz: “Usar a boa vontade e poder ajudar o próximo é mais do que um simples serviço”.
A tabeliã e registradora garante que se empenhou em procurar os familiares para ajudar a resolver o problema. Usar o cartório para fazer o bem, aliás, já é um hábito por lá. Todos os anos, Lyvia recebe os alunos do primeiro ano do ensino médio para uma visita técnica ao cartório. “Eles vêm para fazer o trabalho da árvore genealógica e aprender sobre a importância do registro civil e os direitos provenientes dele”, conta a tabeliã e registradora que, além de advogada e professora de história, é pós-graduada em criminologia, Direito e Processo Penal, também mestre em ciência da educação e atualmente cursa pós-graduação em Direito Notarial e Registral.