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Sexta, 07 de Dezembro 2007

Divórcio aumenta uso de recursos naturais e contribui para aquecimento global, mostra estudo

Publicado em: 07/12/2007



Há outra razão - além dos filhos - para que os casais pensem duas vezes antes de se separar: o meio ambiente. Um estudo norte-americano mostra que o aumento do número de lares provocado pelo divórcio contribui para o aquecimento global, devido ao maior uso de recursos naturais por pessoa e à maior emissão de gás carbônico. Esta é a primeira vez que os impactos ambientais do divórcio são medidos.

"As pessoas geralmente culpam as indústrias pelos problemas ambientais. Os resultados desse estudo sugerem que estilos de vida cada vez mais comuns como o divórcio contribuem significativamente para essa questão", diz à CH On-line Jianguo Liu, pesquisador do Centro para Integração de Sistemas e Sustentabilidade da Universidade do Estado de Michigan. "Em resumo, o divórcio tem um custo não só monetário, mas também ambiental", conta Liu, co-autor do estudo, publicado na PNAS desta semana.

Devido a fatores como o divórcio, o número de lares no mundo tem crescido mais rapidamente do que a população. Nos Estados Unidos, o percentual de lares em que vivem pessoas divorciadas cresceu de 5% em 1970 para 15% em 2000, um aumento de 3,4 milhões para 15,6 milhões. Mesmo na China, onde as separações são incomuns, esse fenômeno tem aumentado repentinamente: foram 1,6 milhões de divórcios em 2004, 1,7 milhões em 2005 e 1,9 milhões em 2006.

Os dados da pesquisa mostram que, em lares de divorciados, o número de pessoas é menor, o que contribui para reduzir a eficiência no uso de recursos (como água, eletricidade e terra) por pessoa. "O divórcio geralmente leva o cônjuge a se mudar e formar um novo lar, o que aumenta o uso de materiais e terra", dizem os autores no artigo. Além disso, quando o divórcio ocorre, alguns itens compartilhados são descartados e novos produtos são adquiridos.

Mas os pesquisadores ressaltam que outros modos de vida alternativos, como os de casais que vivem separados e solteiros que adiam o casamento, podem criar impactos ambientais similares.

Pesquisa em 12 países

A equipe comparou, com base em dados de um censo social e econômico internacional, o número médio de pessoas em casa e o número de quartos por pessoa em lares de casados e divorciados em 12 países – incluindo o Brasil – entre 1998 e 2000. A análise mostra que havia de 1,1 a 1,8 pessoas a menos em um lar divorciado habitual do que em um lar de casados, uma redução de 27% a 41%.

Essa diminuição na quantidade de pessoas por casa está associada a um aumento de 33% a 95% no número de quartos por pessoa em lares de divorciados em relação aos de casados. Nos Estados Unidos, mais de 38 milhões de quartos extras foram usados; em países menos desenvolvidos, esse número foi de aproximadamente 8,4 milhões.

Para a análise, a equipe também acompanhou uma amostra de 3.283 lares nos Estados Unidos entre 2001 e 2005. Além da queda no número total de pessoas em casa e do aumento no número de quartos por pessoa, eles verificaram que os lares norte-americanos que passaram por um processo de divórcio nesse período usaram de 42% a 61% mais recursos por pessoa do que antes da sua dissolução.

Em relação aos gastos com eletricidade e água, por exemplo, houve durante o ano de 2005 um acréscimo de 53% e 42%, respectivamente. Segundo os cientistas, naquele ano, mais de 73 bilhões de kilowatt-horas de eletricidade e 2,4 trilhões de litros de água poderiam ter sido poupados nos Estados Unidos se a eficiência no uso de recursos em lares de divorciados fosse comparável à de lares de casados. O fato de o chefe do lar se casar outra vez elimina a demanda extra por recursos.

Mais resíduos

Por causa do consumo maior por pessoa, um indivíduo em um lar divorciado pode também gerar mais resíduos (sólidos, líquidos e materiais gasosos, como gases do efeito estufa), que contribuem para as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. "Apesar de os resíduos não terem sido analisados no estudo, outras pesquisas mostram que o lixo por pessoa aumenta com a queda no número de pessoas de uma casa", acrescentam os autores. E completam: "Também é possível que as visitas entre pais divorciados e seus filhos aumentem o consumo de energia e as emissões de gases do efeito estufa."

Os pesquisadores recomendam que os governantes considerem o custo total do divórcio na elaboração de políticas ambientais. "Os governos podem e devem fazer muita coisa, por exemplo: educar os cidadãos e fornecer informação sobre os impactos ambientais do divórcio; estender o período de espera antes do divórcio para dar às pessoas mais tempo para considerar suas decisões e reduzir a probabilidade de divórcio; e providenciar incentivos tributários para pessoas divorciadas se casarem novamente ou morarem juntas caso o divórcio seja inevitável."

Além da importância da implementação de políticas efetivas para minimizar a dissolução dos lares, os cientistas destacam a necessidade de melhorar a eficiência no uso de recursos nas casas de divorciados. "Manter um modo de vida eficiente no uso de recursos ajuda a diminuir os gastos nos lares, reduzir a expansão urbana e alcançar a sustentabilidade ambiental."







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