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Segunda, 16 de Dezembro 2013

Primeiro imóvel é festejado

 

Em meio à euforia, não se pode esquecer do planejamento. Muitas pessoas deixam de prever as despesas bancárias e de cartório

 

A vida se divide entre antes e depois da casa própria. Conquistar o primeiro imóvel significa trocar o endereço dos pais por uma trajetória de independência. Ou livrar-se finalmente do aluguel. Mas o gosto de felicidade corre o risco de ficar um pouco amargo se a pessoa não se preparar para os custos extras e para o cipoal burocrático da transação, sobretudo quando envolve também financiamento bancário.

 

Quem conhece bem essa história é a empresária Kênia Fradesejo, 30 anos, que há seis meses decidiu tornar-se proprietária. Desconfiada da dificuldade de encontrar prestações que coubessem no bolso, cogitou morar em alguma cidade do Entorno do Distrito Federal. E se surpreendeu ao descobrir um apartamento por R$ 160 mil em Samambaia. "Meu maior sonho se tornou realidade. E graças ao meu trabalho", recorda-se. Ainda sem mobília em casa, ela quer fazer a mudança na próxima semana. "Mal posso esperar para morar em um local que sei que é meu", comemora.

 

Muita coisa, porém, destoou desse tom de alegria. Entre custos com documentações, taxas e impostos, Kênia desembolsou aproximadamente R$ 10 mil além dos R$ 160 mil acordados com o vendedor do imóvel. "Foi um gasto que não esperava", conta. As tarifas foram tantas que ela nem sabe listar. "Paguei algumas sem saber para quê", relata.

 

A Caixa cobrou aproximadamente R$ 2,5 mil para fazer o financiamento. No caso dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com recursos como caderneta de poupança ou Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), as taxas são fixas. No primeiro caso, são R$ 800. No segundo, 1,5% sobre o valor financiado. O diretor de Habitação da Caixa, Teotonio Rezende, explica que isso cobre serviços jurídicos e de vistoria do imóvel, entre outros. "É custo que o banco deve recuperar", argumenta.

 

As tarifas bancárias não são o item mais caro. O Imposto sobre a Transmissão de Bens e Imóveis (ITBI) pode chegar a 4% do valor do imóvel. Há, ainda, o custo da escritura -- já embutido nos contratos de financiamento -- e do registro do imóvel. Por ser um imposto municipal, o ITBI pode variar, assim como outras taxas que são estaduais, avisa o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), Rogério Portugal Bacellar. "A única notícia boa para quem faz a primeira aquisição é que o registro do imóvel tem 50% de desconto", afirma.

 

Para a servidora Karen Klimach, 30, o sonho de comprar um imóvel se transformou em frustração. "Queria ter algo no meu nome, para deixar para os meus filhos", conta. Ao comprar um apartamento em Taguatinga há um ano, se planejou para pagar R$ 200 mil. E se assustou com as taxas cobradas, que totalizaram R$ 13 mil. "Isso não tem como ser parcelado", diz. A solução encontrada por ela foi pegar um empréstimo bancário. "Se uma pessoa vai financiar a casa própria, subentende-se que ela não tem o dinheiro em mãos", critica. À época, uma prima dela também estava comprando um imóvel. "A gente competiu para ver quem gastaria mais com as tarifas. O jeito é rir para não chorar", recorda-se.

 

Especialista em direito do consumidor, o advogado Cláudio Lindsay aconselha o comprador a se planejar. "É importante saber o quanto vai ser gasto com as taxas e como será o financiamento. A pessoa pode negociar o custo total com o vendedor, buscando embutir as tarifas no valor do imóvel", explica. Ele aconselha o comprador a não comprometer mais do que 30% da renda do imóvel com as parcelas. "Nada impede alguém de desistir do negócio no meio do processo. Mas a pessoa perde as taxas pagas", diz.

 

A analista de processos Évelin Veiga Ferreira, 31, agendou para amanhã a assinatura do contrato de compra do primeiro imóvel. Morando na casa do irmão, ela aguardava a liberação do crédito pela Caixa desde agosto. Tanta espera quase fez com que perdesse o negócio. "A pessoa de quem vou comprar chegou a desistir da negociação, mas insisti. Ao longo desses meses, liguei pelo menos 10 vezes para o banco. Nunca me informavam o porquê da demora", afirma. Évelin mantém o otimismo e já separou R$ 6 mil para as taxas. "Sei que vai dar tudo certo. Vou conseguir", vibra.

 

Fonte: Jornal Correio Braziliense

 

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